Uma das minhas brincadeiras favoritas na infância — e um passatempo que ainda cultivo depois de adulta — é montar quebra-cabeças. Começo separando as peças por cores, depois encaixo aquelas que estruturam as bordas e, aos poucos, a imagem vai tomando forma.
E o que isso tem a ver com livros de memória? Tudo! Revisitar o passado em busca de informações e relatos para elaborar uma publicação é como montar um puzzle: procurar semelhanças, organizar uma estrutura, formar uma ideia e, até mesmo, lidar com peças que faltam.
Nestes sete anos de quebra-cabeças, digo, de escrita e edição de livros de memória na Palavra Bordada, descobrimos que alguns itens são indispensáveis para que a publicação atinja o seu objetivo e, assim, dê vida ao cenário que se imagina. Quer saber como? Vamos trocar uma ideia sobre eles.
O plano de ação
Diante de um puzzle de 1 mil peças, se você não tiver um plano para saber por onde começar, não vai sair do lugar. Com os livros de memória, é a mesma coisa: o ponto de partida é a coleta organizada de informações, seja por meio de entrevistas ou da pesquisa bibliográfica, de fotos ou de documentos.
Durante essa fase, sempre com respeito e interesse pela história de uma pessoa, família ou empresa, é fundamental estar com olhos e ouvidos atentos a tudo que possa trazer um dado relevante. É como se cada peça fosse uma pequena parte daquele contexto que se deseja conhecer e compartilhar e, por isso, todas são igualmente importantes.
A montagem da estrutura
Depois de se familiarizar com as diferentes cores e formatos de cada uma das partes (ou com os relatos, fotos e documentos recolhidos), é o momento de montar a estrutura. No caso dos livros, essa é a etapa de construção da narrativa, em que vamos selecionando, onde encaixar cada informação. É um trabalho artesanal e que precisa ser apresentado em um texto envolvente, que represente a pessoa, a família ou a empresa e seja agradável a quem lê.
Mas, como você sabe, os quebra-cabeças têm algumas peças muito parecidas, que podem até causar confusão. É neste momento que um segundo olhar é de grande auxílio. Nos livros de memória, não é diferente: o processo de edição é essencial para lapidar o texto, sugerir melhorias, propor títulos e legendas atrativas e pensar a publicação de forma ampla, aproximando-se do cenário desejado.
Formar a imagem esperada
A cada nova peça que se encaixa, mais perto ficamos de atingir o objetivo e de apreciar a imagem esperada. Os quebra-cabeças são visualmente atrativos, e os livros de memórias também devem ser. É por isso que a criação de uma identidade visual apropriada ao projeto, exclusiva e bem fundamentada é um dos aspectos principais para o êxito de uma publicação.
Se você gosta de paisagens de natureza, por exemplo, provavelmente não vai curtir muito um puzzle com imagens de tecnologia, certo? Com o layout de um livro de memórias a ideia é semelhante: ele precisa traduzir no tipo de letra, na escolha de cores, no formato e em uma série de elementos a identidade da história que está sendo contada, contribuindo para compor um contexto harmônico e significativo.
Apreciar o processo e o resultado
O que torna os quebra-cabeças e os livros de memória tão gratificantes é a oportunidade de aprender e se desenvolver ao longo do processo, exercitando a criatividade, a empatia e a capacidade de solucionar desafios. E, também, de celebrar percursos que nos levam a resultados que emocionam e agregam momentos preciosos.
Os dois exigem dedicação, comprometimento e interesse verdadeiro em construir o melhor cenário possível. É preciso ritmo e disciplina para não se tornarem projetos esquecidos pelo meio do caminho, além de conhecimento e experiência sobre como conduzir cada etapa. E, depois de concluídos, garanto que a satisfação é imensa. Quer tentar?
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